O debate sobre se uma pessoa é mais produtiva em casa ou no escritório tem sido constante desde que as empresas passaram a insistir em trazer os funcionários de volta aos escritórios após anos de teletrabalho. Há até especialistas que afirmam ver o debate mais polarizado do que nunca.
Um novo estudo aponta que o trabalho remoto prejudica os trabalhadores em comparação com quem vai ao escritório. E a razão é simples: “os empregados que não estão fisicamente próximos de seus chefes (ou que não vivem na mesma cidade que a sede) estão percebendo menos oportunidades. Não porque tenham apresentado desempenho inferior ao esperado, mas porque se tornaram menos visíveis”.
Um estudo da empresa Deel, uma plataforma global de RH, apontou que um terço dos trabalhadores na Europa afirma estar preocupado de que o distanciamento físico esteja prejudicando suas carreiras. Muitos profissionais jovens optam por ir aos escritórios justamente por esse motivo.
Os trabalhadores querem morar longe, mas percebem desvantagens
Segundo esse estudo, muitos trabalhadores responderam que estariam dispostos a se mudar para mais longe do centro das cidades, ou até para outro país, se isso significasse moradias mais acessíveis ou a possibilidade de estar mais próximo da família (e dizem que até não se importariam de trabalhar em horários fora do convencional para poder estar em outro país, caso haja diferença de fuso horário).
Mas, ao mesmo tempo, diversos profissionais afirmam que estão percebendo que o desempenho por si só não é suficiente para crescer profissionalmente e que testemunharam que seus gerentes, consciente ou inconscientemente, tendem a recompensar as pessoas que veem com mais frequência, e que “as conversas no escritório se tornam oportunidades”.
Inclusive, como exemplo claro, temos o caso da Dell, empresa que advertiu abertamente seus funcionários de que aqueles que não quisessem retornar ao escritório também renunciariam às possibilidades de promoção dentro da companhia.
Segundo a Forbes, tudo isso tem criado dois tipos de empregados: aqueles que se consideram passíveis de promoção por sua proximidade e aqueles que ficam excluídos das decisões-chave simplesmente por terem decidido viver em outro lugar.
Os especialistas: é preciso repensar esse modelo tradicional
Diante disso, o alerta dos especialistas que realizaram o estudo é que “as empresas que assumem que todos podem estar presentes o tempo todo não apenas interpretam mal sua força de trabalho, mas também limitam seu alcance”.
Para a Deel, com o trabalho remoto e híbrido se tornando norma, “as ideias tradicionais sobre proximidade ao escritório precisam de uma revisão profunda. Ampliar o foco de contratação e a cultura de trabalho é uma medida necessária há muito tempo e pode abrir novas vias de talento para organizações que enfrentam carências de habilidades”.
Essa nova pesquisa da Deel revela que os empregados em toda a Europa desejam cada vez mais se mudar para mais longe de seus locais de trabalho, para viver mais próximos da natureza (31%), reduzir seus custos de vida (28%) e passar mais tempo com a família (26%).
No entanto, “esse desejo colide com o que muitos chefes querem (mas, em muitos casos, não precisam): controle”, como explicam esses especialistas em recursos humanos.
Quase dois terços (60%) dos chefes afirmaram que priorizariam contratações em seu próprio fuso horário ou de pessoas que vivessem a uma distância razoável do trabalho (58%), apesar de quase a mesma proporção (51%) também admitir que essa mentalidade dificulta a identificação das habilidades necessárias.
Imagem | Foto de LinkedIn Sales Solutions no Unsplash
Este texto foi traduzido/adaptado do site Genbeta.
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