Cada vez mais millennials estão se tornando gestores, promovendo o home office e a saúde mental, mas enfrentam um grande problema

  • Desde 2025, millennials passaram a ser maioria entre gestores pela primeira vez, e com eles um novo estilo de liderança;

  • Mas a mudança também traz novos desafios.

Millenials ocupam diretorias, mas sob pressão
Sem comentários Facebook Twitter Flipboard E-mail
pedro-mota

PH Mota

Redator
pedro-mota

PH Mota

Redator

Jornalista há 15 anos, teve uma infância analógica cada vez mais conquistada pelos charmes das novas tecnologias. Do videocassete ao streaming, do Windows 3.1 aos celulares cada vez menores.

837 publicaciones de PH Mota

Os millennials, ou seja, pessoas entre 30 e 45 anos, representam a maioria entre os gestores nos EUA desde junho de 2025. Isso foi demonstrado pelo atual Relatório de Tendências da Vida Profissional do Glassdoor, uma plataforma de avaliação de empregadores que publica regularmente relatórios sobre o mercado de trabalho com base nos dados de usuários.

A mudança geracional era previsível há muito tempo: os millennials representam a maior faixa etária no mercado de trabalho há anos, muitos baby boomers estão se aposentando e a Geração X está gradualmente se afastando de cargos de liderança. Isso significa que os millennials automaticamente assumem as funções de diretoria.

Liderança à beira da exaustão

Com a ascensão dos millennials às funções de diretoria, não apenas o tom da liderança está mudando, mas também a atitude básica em relação ao trabalho, de acordo com os resultados de uma pesquisa da Deloitte, uma das maiores empresas de contabilidade do mundo.

A confiança substitui o controle, as estruturas fixas são substituídas pela flexibilidade e a pergunta sobre o porquê é mais importante do que o como. Enquanto as gerações anteriores frequentemente colocavam a autoridade acima de tudo, os millennials buscam participação, propósito e equilíbrio.

Isso também se reflete nas expectativas das empresas: o home office há muito deixou de ser um benefício adicional e se tornou padrão, relata a Fortune. Ofertas de saúde mental, feedback direto e o reconhecimento das realidades individuais da vida estão se tornando pré-requisitos básicos para uma boa liderança.

Qual problema a mudança traz?

A geração Y quer fazer muitas coisas de forma diferente de seus antecessores: ela confia na empatia e em hierarquias horizontais. Mas é justamente essa demanda que está se tornando um fardo para muitos. De acordo com o último Relatório de Tendências da Vida Profissional do Glassdoor, as menções ao burnout em avaliações de funcionários aumentaram 73% em relação ao ano anterior, um sinal claro de pressão crescente.

O economista do Glassdoor, Daniel Zhao, fala de uma "crise contínua" em entrevista à Fortune. Os desafios psicológicos na força de trabalho não estão diminuindo. Particularmente alarmante, Zhao alerta para uma possível "crise de gestores" – uma situação em que os próprios líderes, sobrecarregados, se afastam devido ao estresse, às horas extras, à escassez de pessoal e à responsabilidade acumulada ao longo dos anos.

A geração Y frequentemente lidera em sintonia, deseja ser acessível e construir confiança. Mas, se não houver comunicados claros, isso rapidamente leva a conflitos. Há cada vez mais relatos nas redes sociais sobre os chamados "chefes descolados": gestores que agem como camaradas, mas não tomam decisões em situações de emergência – ou que, de repente, adotam posturas autoritárias.

Como isso acontece?

A mudança não é apenas uma escolha pessoal, mas também consequência de circunstâncias externas. Muitos millennials assumiram seus papéis de liderança não por meio de uma preparação direcionada, mas pela saída de gerações mais velhas. Além disso, o número de funcionários diretamente subordinados quase dobrou nos últimos anos.

Ao mesmo tempo, muitos gestores millennials também estão sob pressão em suas vidas pessoais. Daniel Zhao, economista-chefe da Glassdoor, fala sobre o "modelo sanduíche" em uma entrevista à Fortune: a geração está presa entre a carreira, as responsabilidades familiares e uma situação econômica instável, e precisa liderar uma equipe que também faz exigências.

O que precisaria mudar?

Muitas empresas deixam seus novos gestores sozinhos diante da mudança. Falta treinamento concreto em liderança, modelos de comportamento claros e recursos. De acordo com a Pesquisa Global Millennial da Deloitte, os próprios millennials desejam mais feedback, mentoria e oportunidades de desenvolvimento, tanto para si quanto para suas equipes.

O que muitas vezes é ignorado é que aqueles que desejam liderar com empatia precisam de apoio. Somente quem está estável consegue prestar atenção aos outros. Em vez de alternar constantemente entre colega e chefe, seriam necessárias condições estruturais claras e apoio da alta liderança.

Inicio