A Huawei vinha anunciando a mudança há alguns meses, e finalmente a oficializou num telefone. A Huawei acaba de se despedir completamente do Android em seu país natal, e o fez com um telefone curioso com uma proporção de tela nunca vista antes.
Este é o primeiro telefone a chegar ao mercado com o HarmonyOS Next, o sistema operacional desenvolvido inteiramente pela Huawei com seu próprio kernel e sem nenhum traço do Android. Além de um novo sistema operacional, este é o primeiro dispositivo Huawei a estrear o Harmony Intelligence, inteligência artificial em colaboração com a DeepSeek.
Adeus ao Android
Até o momento, os celulares da empresa eram comercializados na China com o HarmonyOS. Um sistema operacional que, embora a empresa quisesse se desvincular completamente do Android, era baseado em seu núcleo.
Com o HarmonyOS Nex, as coisas mudaram. Este é um sistema operacional desenvolvido do zero, não utiliza código Android, não é compatível com seus aplicativos (pelo menos, não se eles não forem modificados) e utiliza seu próprio núcleo (HMS ou Huawei Mobile Services) em vez do serviço de aplicativos do Google. Este é o primeiro celular 100% Harmony.
Primeiro passo para a IA
O Harmony Intelligence é uma alternativa ao Apple Intelligence e ao Samsung Galaxy AI, prometendo ir além de um assistente de IA. Esta IA foi treinada com base no modelo Pangu, de propriedade e desenvolvido pela Huawei, e no DeepSeek, um modelo que está rapidamente se espalhando pelos celulares chineses.
"Treinamos nossa assistente de IA por milhões de horas com nossos modelos de linguagem em larga escala e trouxemos essa inteligência para o dispositivo pela primeira vez, para que ela se pareça com um humano e interaja naturalmente, com conversas que expressam diferentes emoções e detectando o humor do usuário."
Conforme prometido por Richard YU, CEO da Huawei, o foco está em tornar a interação humano-IA o mais natural possível, chegando a prometer que a assistente será capaz de detectar as emoções do usuário (não foi detalhado como).
Em um nível mais básico, ela será capaz de remover objetos de fotografias, gerá-los e modificá-los, converter voz e até mesmo descrever os objetos que a câmera do telefone vê, para que pessoas com problemas de acessibilidade possam "ver" através do celular. Outra função particularmente curiosa é a de poder ler livros sem tocar no telefone: seremos capazes de virar as páginas apenas com os olhos.
Huawei quer um ecossistema 100% próprio
A chave aqui não é que os celulares Huawei estreiem sua IA, mas sim que a Huawei já está preparada, em acordo com a DeepSeek, para competir com os grandes players do setor. O HarmonyOS Next é uma plataforma voltada para todos os tipos de dispositivos, desde o doméstico até o carro conectado, e esse primeiro salto com a introdução do Harmony Intelligence é fundamental para a fabricante chinesa.
A empresa anunciou que sua primeira plataforma para PC (o HarmonyOS Next levado para o desktop) chegará em maio, e a expectativa é que, ao longo do ano, comecemos a ver esse sistema operacional em praticamente todos os novos produtos que lançarem no mercado.

Huawei Pura X
O aparelho que estreou o HarmonyOS Next é o Pura X, um telefone dobrável com proporção de 16,10 quando aberto. É um telefone que, quando dobrado, tem uma tela de 3,5 polegadas com resolução de 980 x 980, 2.500 nits de brilho máximo, tecnologia LTPO e proporção de 1,1: completamente quadrada.
Ao ser aberto, um curioso painel de 6,3 polegadas com resolução de 2.120 x 1.320 se desdobra, um formato completamente diferente do que estamos acostumados. O sistema de câmeras é triplo, com 50 MP para a câmera principal, 40 MP para a ultra-wide e 8 MP para a teleobjetiva de 3,5x.
Ele tem uma bateria de 4.720 mAh com carregamento rápido de 60 W e será vendido na China a partir de 7.499 yuans (pouco mais de R$ 5,69 mil)) na versão de 12 GB + 256 GB.

Por enquanto, ainda longe
Se a questão é se o plano da Huawei de acabar completamente com sua dependência do Android é global, a resposta é não... por enquanto.
A chave para que o HarmonyOS Next se torne global está na aliança da fabricante chinesa com o restante das desenvolvedoras e empresas de tecnologia. Na China, aplicativos do Google ou gigantes como o Meta (Instagram, WhatsApp e Facebook) quase não têm presença, mas no ocidente são essenciais para grande parte dos usuários. Atualmente, podem ser instalados na EMUI graças ao Google Services Framework da microG. Sem ele, a situação se complica.
Imagem | Huawei
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