A história de como uma marca nascida em Girona acabou montando um ambicioso projeto do “Ferrari das motos” é tão recente quanto curiosa. Seja você apaixonado por duas rodas ou não, é muito provável que já tenha ouvido falar da Rieju. Trata-se de uma marca icônica na Espanha, fundada em 1934, que até hoje figura no top cinco de vendas em alguns dos segmentos mais populares do país.
O seu último lançamento? Um verdadeiro dardo de design italiano e custo-benefício arrasador. Mas o que importa não é apenas a moto em si, e sim o que levou a marca a desenvolvê-la.
Uma marca com raízes rurais
Falemos da Rieju. Em 1934, Luís Riera Carré e Jaime Juanola Farrés (Riera + Juanola) deram início ao seu percurso empresarial fabricando acessórios para bicicletas. Foi assim que nasceu a Rieju, companha que decidiu instalar um motor auxiliar de 38 cc em uma de suas bicicletas — o verdadeiro “ciclomotor” de 1945.
Parceria italiana desde os anos 50
Já na década de 1950, a Rieju estreitou laços com empresas italianas. Fecharam acordos com a Motori Minarelli para importar com exclusividade motores e componentes, uma colaboração que se mantém viva até hoje. Desde então, embora mantenha vendas discretas em território espanhol, a Rieju domina segmentos como o de ciclomotores — posição que segue firme em abril de 2025.
A aproximação chinesa
Apesar de ser uma marca espanhola que monta suas motos em Figueres (Girona), nos últimos anos a Rieju se aproximou de um dos maiores grupos da indústria: a QJ Motor, dona das marcas Benelli, Keeway e MBP. Esse gigante se uniu à Rieju para comercializar parte de sua produção e tecnologia sob o selo espanhol.
Não é a única aliança. Um dos lançamentos recentes, a Rieju Aventura 500, é na verdade uma versão da chinesa Chongqing Hengjian Dahaidao 500. A moto é projetada e produzida na China e adaptada ao mercado europeu pela Rieju.

A “Ferrari” das motos
Os fabricantes chineses estão fazendo sucesso e duas das quatro marcas mais vendidas já vêm de lá. A QJ Motors quer entrar nesse top e elaborou um plano em parceria com um dos nomes mais exclusivos do motociclismo mundial.
A MV Agusta, fabricante italiana de motos de altíssimo padrão, enfrenta um problema: suas criações não se vendem em volume. A solução? Criar uma joint venture com a QJ Motors, permitindo ao grupo chinês adaptar os conceitos exclusivos da MV Agusta em modelos com melhor custo-benefício e maior apelo comercial.



De conceito inédito a modelo de sucesso
Foi assim que nasceu a ideia. Em novembro de 2021, no Salão de Milão (EICMA), a MV Agusta apresentou a Lucky Explorer 5.5: uma trail espetacular, pensada para quem possui carteira A2, movida por um motor de 550 cc fabricado pela QJ Motors. O grande problema é que ela jamais chegou a ser produzida em série.
Ficou a “espinha” cravada — e coube à Rieju dar vida a esse conceito sob o nome Xplora 557. Hoje, por menos de 6.000 €, temos uma moto de média cilindrada com design herdado de um dos fabricantes mais exclusivos do mundo, combinando a essência italiana da MV Agusta com a expertise chinesa da QJ Motors.
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