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“Tesouro mais rico da América” não é uma pirâmide, mas sim impressionante coleção de uma princesa mixteca de 800 anos atrás

  • O processo de restauração deixou essas peças pré-hispânicas como novas

  • Elas revelam muito sobre os interesses e materiais da época, mas também sobre a importância do comércio

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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

O México é uma fonte inesgotável de descobertas de tesouros pré-hispânicos. Continuamos a encontrar vestígios do passado praticamente toda semana, algo que se intensificou com o projeto do Trem Maia (ferrovia que atravessa a península de Yucatán, inaugurada em 2023) e com o uso de tecnologias de ponta. Graças a isso, foi possível identificar pirâmides ocultas e áreas subterrâneas, o que pode impulsionar o estudo de antigas estruturas.

No entanto, há peças que, embora tenham sido descobertas há alguns anos, ainda são de grande valor. Um exemplo é o tesouro da Tumba 7 de Monte Albán, que alguns ainda consideram "o tesouro mais rico da América". Além de serem centenas de peças, elas apresentam um estado de conservação invejável.

O tesouro mixteca da tumba 7

Em janeiro de 1932, o Dr. Alfonso Caso descobriu no sítio arqueológico da Tumba 7 de Monte Albán um dos maiores tesouros pré-hispânicos da história. Trata-se de um conjunto de mais de 230 peças elaboradas com materiais sagrados da época, como ouro, prata, cristal de rocha e pedras preciosas como turquesa, obsidiana e pedra verde. O estado de conservação de muitos desses objetos é impressionante. Também existem itens menos chamativos, como aqueles feitos de osso ou uma panela de alabastro.

Foi realizada uma primeira restauração e também trabalhos de conservação em 1944, algo que se repetiu há alguns anos com o objetivo de não apenas estudar as peças, mas também restaurar aquelas avariadas e garantir um processo adequado de conservação.

Mas... de onde vêm esses objetos de luxo?

Os pesquisadores do Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH) forneceram contexto sobre as peças em reportagem da CNN, afirmando que suas origens datam da união de um senhor da dinastia de Zaachila e uma senhora mixteca em algum ponto entre os anos 1.200 e 1.400 d.C.

O INAH comenta que essa união ocorreu entre "o senhor 5 Flor, da dinastia Zaachila, e a princesa do reino mixteca de Teoxacualco, a senhora 4 Coelho 'Quetzal'". A princesa teria usado a Tumba 7 como um santuário para depositar os “tnani”, invólucros que guardavam relíquias ancestrais, como efígies de grande valor e outros objetos luxuosos.

Crânio decorado com mosaicos de turquesa e conchas Crânio decorado com mosaicos de turquesa e conchas
Copo de cristal de rocha Copo de cristal de rocha
Osso esculpido com incrustações de turquesa Osso esculpido com incrustações de turquesa

E, pelo que se pode ver nas fotos dos itens, o tesouro da princesa não era nada pequeno — a coleção tem uma presença imponente. No entanto, quando esses artigos foram encontrados, não estavam tão bem preservados quanto nas imagens que acompanham este texto. Segundo o INAH, foi necessário um meticuloso processo de restauração para que pudéssemos admirar os detalhes.

Isso inclui a recuperação das propriedades de cor, de acabamento polido e de poder refletivo. O trabalho valeu a pena, pois agora, além de podermos admirar as fotografias que o INAH compartilha em seu site (onde podemos ver descrições de cada objeto), as peças podem ser vistas ao vivo na sala III do Museu das Culturas de Oaxaca.

Máscara representando o deus Xipe Totec feita de ouro fundido Máscara representando o deus Xipe Totec feita de ouro fundido
Um pote com suporte feito de alabastro Um pote com suporte feito de alabastro
A moldura representa a cabeça de um faisão em pedra jade. A tampa traseira é feita de folha de ouro A moldura representa a cabeça de um faisão em pedra jade. A tampa traseira é feita de folha de ouro

É interessante ressaltar que esse tesouro é importante porque demonstra não apenas como certos materiais eram trabalhados e a importância que lhes davam, mas também que alguns deles eram obtidos graças às redes de intercâmbio e comércio entre diferentes locais mesoamericanos.

Isso é algo extremamente significativo para resgatarmos a cultura dessa civilização tão importante. Pouco a pouco, vamos restaurando o conhecimento e os artefatos criados por esses povos originários.

Esse texto foi traduzido e adaptado do site Xataka Espanha

Imagens | INAH

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