O México é uma fonte inesgotável de descobertas de tesouros pré-hispânicos. Continuamos a encontrar vestígios do passado praticamente toda semana, algo que se intensificou com o projeto do Trem Maia (ferrovia que atravessa a península de Yucatán, inaugurada em 2023) e com o uso de tecnologias de ponta. Graças a isso, foi possível identificar pirâmides ocultas e áreas subterrâneas, o que pode impulsionar o estudo de antigas estruturas.
No entanto, há peças que, embora tenham sido descobertas há alguns anos, ainda são de grande valor. Um exemplo é o tesouro da Tumba 7 de Monte Albán, que alguns ainda consideram "o tesouro mais rico da América". Além de serem centenas de peças, elas apresentam um estado de conservação invejável.
O tesouro mixteca da tumba 7
Em janeiro de 1932, o Dr. Alfonso Caso descobriu no sítio arqueológico da Tumba 7 de Monte Albán um dos maiores tesouros pré-hispânicos da história. Trata-se de um conjunto de mais de 230 peças elaboradas com materiais sagrados da época, como ouro, prata, cristal de rocha e pedras preciosas como turquesa, obsidiana e pedra verde. O estado de conservação de muitos desses objetos é impressionante. Também existem itens menos chamativos, como aqueles feitos de osso ou uma panela de alabastro.
Foi realizada uma primeira restauração e também trabalhos de conservação em 1944, algo que se repetiu há alguns anos com o objetivo de não apenas estudar as peças, mas também restaurar aquelas avariadas e garantir um processo adequado de conservação.
Mas... de onde vêm esses objetos de luxo?
Os pesquisadores do Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH) forneceram contexto sobre as peças em reportagem da CNN, afirmando que suas origens datam da união de um senhor da dinastia de Zaachila e uma senhora mixteca em algum ponto entre os anos 1.200 e 1.400 d.C.
O INAH comenta que essa união ocorreu entre "o senhor 5 Flor, da dinastia Zaachila, e a princesa do reino mixteca de Teoxacualco, a senhora 4 Coelho 'Quetzal'". A princesa teria usado a Tumba 7 como um santuário para depositar os “tnani”, invólucros que guardavam relíquias ancestrais, como efígies de grande valor e outros objetos luxuosos.
E, pelo que se pode ver nas fotos dos itens, o tesouro da princesa não era nada pequeno — a coleção tem uma presença imponente. No entanto, quando esses artigos foram encontrados, não estavam tão bem preservados quanto nas imagens que acompanham este texto. Segundo o INAH, foi necessário um meticuloso processo de restauração para que pudéssemos admirar os detalhes.
Isso inclui a recuperação das propriedades de cor, de acabamento polido e de poder refletivo. O trabalho valeu a pena, pois agora, além de podermos admirar as fotografias que o INAH compartilha em seu site (onde podemos ver descrições de cada objeto), as peças podem ser vistas ao vivo na sala III do Museu das Culturas de Oaxaca.
É interessante ressaltar que esse tesouro é importante porque demonstra não apenas como certos materiais eram trabalhados e a importância que lhes davam, mas também que alguns deles eram obtidos graças às redes de intercâmbio e comércio entre diferentes locais mesoamericanos.
Isso é algo extremamente significativo para resgatarmos a cultura dessa civilização tão importante. Pouco a pouco, vamos restaurando o conhecimento e os artefatos criados por esses povos originários.
Esse texto foi traduzido e adaptado do site Xataka Espanha
Imagens | INAH
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