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Resultados de estudo sobre homem mais forte do planeta são surpreendentes: segredo de sua força não está em seus braços

Este é o primeiro trabalho que busca descobrir se existe algum segredo por trás dos músculos. A resposta curta é sim

Coxas E Quadril Sao O Segredo Do Homem Mais Forte Do Mundo
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PH Mota

Redator

Jornalista há 15 anos, teve uma infância analógica cada vez mais conquistada pelos charmes das novas tecnologias. Do videocassete ao streaming, do Windows 3.1 aos celulares cada vez menores.

Quando você pensa no ser humano mais forte do planeta, provavelmente imagina um atleta com um físico enorme. Alguém, claro, com uma musculatura desenvolvida tão poderosa quanto eficiente para desenvolver aquela "superforça" fora da média. Esse é um pensamento mais ou menos popular, mas o que a ciência diz sobre isso? Um estudo chamou um desses "super-homens" para descobrir se havia algum segredo por trás de seus músculos. A resposta curta é sim.

O homem mais forte

Eddie "the Beast" Hall foi o homem mais forte do mundo em 2017. Pelo menos é o que dizia seu título mundial oficial, juntamente com outros cinco títulos de "mais forte" da Grã-Bretanha e um segundo lugar na competição europeia. Além disso, Hall havia sido bicampeão mundial de levantamento terra e detentor do recorde mundial mencionado na modalidade (ele levantou 500 kg). Então, quando os cientistas pensaram no estudo sobre força, todos os olhos se voltaram para o atleta.

Nos 15 anos anteriores à realização da pesquisa, Hall havia realizado treinamento de resistência contínuo e regular nas partes superior e inferior do corpo. Doze meses antes do teste do estudo, seu treinamento consistia em agachamentos, levantamento terra, leg press, extensão dos joelhos, supino, desenvolvimento de ombros, remada com halteres e polias laterais.

Preparando Hall

A única coisa que os pesquisadores pediram era que Hall não fizesse nenhuma atividade extenuante por 24 horas antes do teste. O ponto principal: descobrir o que o tornou extraordinariamente forte e se os resultados poderiam ajudar atletas e não atletas. "A compreensão científica da força muscular é importante por causa de seu papel no desempenho atlético, prevenção de lesões e envelhecimento saudável", dizem os pesquisadores.

O estudo

A primeira coisa que fizeram quando Hall chegou aos laboratórios da Universidade de Loughborough, no Reino Unido, foi submetê-lo a exames de ressonância magnética de 3,0 T para avaliar o tamanho de 22 músculos individuais nos membros inferiores, cinco grupos musculares funcionais e a área transversal do tendão patelar.

Esse tipo de exame é capaz de gerar um campo magnético duas vezes mais forte que uma ressonância magnética normal (1,5 T ou Teslas), fornecendo imagens mais nítidas, especialmente de ossos, articulações e músculos. Além disso, o homem também realizou agachamentos em uma profundidade selecionada por ele mesmo e, em seguida, saltos o mais alto possível, junto com os chamados puxões isométricos para o meio da coxa, semelhantes a um levantamento terra, sem mover a barra.

No caso dos agachamentos, eles são uma medida confiável da potência dos membros inferiores, enquanto os levantamentos terra avaliam a força de todo o corpo e as capacidades de produção de força.

Diferenças para outros homens

Para contextualizar os resultados de Hall, eles compararam o formato, a forma e a estrutura de seus músculos e tendões com os de outros atletas, treinados e não treinados. O que eles descobriram? Surpreendentemente, que o volume muscular total dos 22 músculos das extremidades inferiores de Hall era quase o dobro (+96%) do não treinado, 63% maior do que a população de atletas sub-elite e 32% maior do que os velocistas de elite de 100 metros.

Conforme explicado no artigo, a maior diferença no volume muscular de Hall foi observada nas "cordas tensoras", ou seja, os músculos sartório, grácil e semitendíneo, que estabilizam a bacia e o osso da coxa (fêmur). Os valores de Hall foram até três vezes maiores em comparação aos não treinados: +140% para o grácil, +157% para o semitendíneo e +202% para o sartório.

Mais diferenças

O estudo também apontou grandes diferenças no grupo de músculos na sola do pé responsável pela extensão do dedo do pé e estabilização do tendão sob força: +120% vs. população não treinada, +100% vs. velocistas sub-elite e +70% vs. velocistas de elite.

De todas, a menor diferença foi encontrada nos músculos flexores do quadril responsáveis ​​por flexionar o quadril e elevar as pernas, bem como manter a estabilidade e a postura. Neste caso: +65% vs. não treinado, +30% vs. velocistas sub-elite e +5% vs. velocistas de elite.

Peso morto

Quanto ao levantamento terra, a força máxima bruta de Hall foi 54% maior do que a do grupo comparável mais alto, os levantadores de peso sub-elite. Sua força máxima no teste IMTP (Isometric Mid Thigh Pull, que avalia a força máxima e a taxa de desenvolvimento de força (TDF) de um atleta) foi 100% maior do que a do grupo comparável mais alto, neste caso, atletas de futebol americano universitário.

Finalmente, sua potência máxima em agachamentos foi mais de 2,5 vezes (164%) a do grupo não treinado e 51% maior do que a do grupo comparável mais alto, jogadores profissionais de basquete.

Conclusão

Como aponta Jonathan Folland, autor principal do estudo, os resultados são uma surpresa. Primeiro, a parte superior do corpo não foi tão decisiva para desenvolver seu extremo externo. "Esperávamos que os grandes músculos envolvidos na extensão do joelho e do quadril mostrassem o maior desenvolvimento. Embora esses músculos fossem certamente bem desenvolvidos, ficamos surpresos que o maior desenvolvimento muscular foi dos músculos longos e finos das 'cordas tensoras' que estabilizam a pélvis e a coxa. Isso indica que esses músculos estabilizadores podem ser mais importantes para levantar e carregar objetos pesados ​​do que pensávamos."

Um estudo que nos permite entender melhor a função muscular, "os resultados sugerem o quão adaptável é o sistema muscular, com o maior desenvolvimento muscular dos músculos que Eddie treina e usa mais, sugerindo que todos nós podemos mudar e desenvolver nosso sistema muscular para melhorar a função e o desempenho de nossos músculos", concluem.

Imagen | CASEYCOLTON, Loughborough University

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