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Windows agora é praticamente gratuito; criador do Gerenciador de Tarefas explica o que a Microsoft ganha com isso

"Windows como serviço" é uma expressão fundamental para entender por que hoje temos o Windows praticamente de graça

Entenda por que o Windows deixou de cobrar por atualizações / Imagem: Aidan Tottori Itadaki
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

Na última década, vimos a Microsoft mudar radicalmente sua estratégia em relação ao Windows. Ficaram para trás os tempos em que era preciso pagar por cada grande atualização do sistema operacional: hoje, usar o Windows é praticamente gratuito.

Dave Plummer, criador de ferramentas icônicas do sistema, como o Gerenciador de Tarefas, explicou os motivos que levaram a Microsoft a tomar essa decisão tão significativa em um vídeo publicado em seu canal no YouTube.

Windows 8 e Nadella, os pontos de inflexão

No início da década de 2010, a Microsoft enfrentava uma crise de confiança com sua base de usuários. O Windows 8 não foi bem recebido, em grande parte por suas mudanças radicais voltadas para dispositivos com tela sensível ao toque.

Nesse mesmo período, a Apple e as principais distribuições de Linux estavam oferecendo atualizações de sistema operacional totalmente gratuitas, o que colocava a Microsoft em uma posição delicada — todos os usuários insatisfeitos poderiam acabar abandonando o ecossistema.

Tudo mudou com a chegada de Satya Nadella como CEO da Microsoft.

A empresa passou a adotar um modelo centrado em serviços, instituindo o conceito de "Windows como serviço". Assim, decidiu-se oferecer o Windows 10 como uma atualização gratuita para todos os usuários que tinham o Windows 7 ou 8, com um objetivo claro: unificar a maioria dos usuários sob uma mesma plataforma.

Isso não apenas facilitava o trabalho dos desenvolvedores, como também reduzia significativamente a carga de suporte da Microsoft. Para que isso funcionasse, era preciso eliminar as barreiras: a chave era oferecer o Windows 10 de graça e alcançar a ambiciosa meta de estar presente em um bilhão de dispositivos.

Mas... o que a Microsoft ganhava com tudo isso?

Se ela já não cobrava pela atualização, como compensava essa perda de receita? Segundo Plummer, a resposta estava na coleta massiva de dados de telemetria — informações anônimas sobre o uso do sistema pelos usuários. Isso permitia melhorar continuamente o sistema operacional, torná-lo mais atrativo e acelerar sua adoção.

Mas essa estratégia não ficou isenta de críticas. A coleta de dados de telemetria foi vista por muitos como uma invasão de privacidade, somada à integração de publicidade e serviços próprios no sistema, como OneDrive, Skype e os consoles Xbox.

A Microsoft deixou claro seu objetivo: manter o maior número possível de usuários dentro do seu ecossistema. Embora não cobrasse pela atualização do Windows, podia obter receita por meio de assinaturas e serviços associados, como o Office 365 (atualmente Microsoft 365), Game Pass e OneDrive. Esse modelo também incluía publicidade integrada e sugestões de produtos.

Até mesmo usuários que não possuíam licenças originais do Windows puderam acessar uma versão totalmente funcional do Windows 10, o que impulsionou sua adoção desde o lançamento, em julho de 2015.

O presente: Windows como plataforma de serviços

Atualmente, a Microsoft continua aprofundando esse modelo baseado em serviços. Seu negócio migrou para as assinaturas e ferramentas em nuvem, deixando em segundo plano a receita obtida com licenças do sistema operacional. Game Pass, Microsoft 365 e Azure são apenas alguns dos serviços que hoje sustentam o novo modelo de negócios.

O Windows 10 foi um ponto de inflexão. Apesar das críticas iniciais pela coleta de dados e pela presença de publicidade, ele marcou o início de uma nova era em que o sistema operacional deixou de ser um produto e passou a ser uma porta de entrada para o ecossistema da Microsoft.

Imagens | Aidan Tottori Itadaki

Este texto foi traduzido/adaptado do site Genbeta.

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