O Windows 11 prometia um sistema operacional moderno, mas quatro anos depois, essa modernização parece um canteiro de obras permanente. Embora a adoção do sistema continue lenta — apesar de ter alcançado o Windows 10 — alguns usuários enfrentam uma experiência prejudicada por atualizações que frequentemente apresentam bugs.
Uma mudança invisível que causa problemas
Desde 2013, a Microsoft acelerou uma migração interna: abandonando a tecnologia clássica e eficiente que renderizava janelas em favor da WinUI e do SDK de aplicativos do Windows baseado em XAML. O objetivo é unificar o design, mas a execução está cobrando seu preço. A WinUI introduz mudanças que, se não forem perfeitamente otimizadas, fazem o sistema sofrer: ele trava ao aguardar dados na mesma thread que renderiza a interface.
Isso explica por que o explorador de arquivos fica lento ou por que o menu Iniciar e a barra de tarefas às vezes desaparecem após atualizações de segurança. De fato, em uma reunião da comunidade que você pode assistir no YouTube, eles confirmaram sua missão de migrar as interfaces legacy para a WinUI 3 para modernizar o sistema operacional, reconhecendo as dificuldades que surgiram.
Não se trata apenas de design
Além da interface do usuário, a versão mais recente do sistema operacional tem sido um campo minado, onde a Microsoft teve que fazer correções constantes. O resultado são componentes que apresentam falhas, tanto devido à WinUI quanto a fatores externos:
- A interface: os menus de contexto eram lentos e confusos desde o início, forçando a equipe de Redmond a redesenhá-los agora para corrigir o problema de usabilidade que criaram. Até mesmo seus próprios executivos admitiram publicamente que o Menu Iniciar é "extremamente irritante" e precisa de ajustes;
- Estabilidade: sofremos com tudo, desde atualizações que causaram telas azuis devido a incompatibilidades de processador até problemas específicos de desempenho em chips AMD, sem mencionar falhas surreais em que o explorador de arquivos se sobrepunha a outras janelas;
- Segurança: a atualização do sistema operacional quebrou funções vitais como a Proteção de Autoridade Local (LSA), desativando-a involuntariamente com um patch.
A comunidade está agindo tanto como solução, quanto como resistência
Diante da lentidão na correção do bug visual mais recente, os usuários decidiram tomar as rédeas da situação. A descoberta é reveladora: desativar a barra de comandos moderna (baseada na WinUI) usando ferramentas não só elimina os flashes brancos, como também acelera o carregamento de programas e reduz o consumo de RAM.
Mas essa comunidade também demonstrou resistência ao Windows 11: eles usam ferramentas como o Rufus para contornar a exigência do TPM (controversa no lançamento) ou versões modificadas como o Tiny11 para remover bloatware. Parece que usuários avançados e entusiastas preferem modificar o sistema a aceitar a visão oficial da Microsoft.
O ciclo da nostalgia
Tudo isso alimenta o eterno debate sobre as versões "boas" e "ruins" do Windows. Hoje, muitos idealizam o Windows 10 por sua estabilidade, esquecendo que, em seus primeiros anos, ele sofreu duras críticas por atualizações forçadas e problemas de privacidade. O Windows 11 parece estar preso nessa fase difícil do ciclo, agravado por requisitos que excluíram muitos PCs funcionais.
Open Source ao resgate?
Enquanto a Microsoft investe recursos na revolução ARM e nos PCs Copilot+, o ambiente de desktop permanece pouco refinado. A empresa parece estar ciente disso e anunciou recentemente planos para tornar o WinUI de código aberto, visando acelerar as melhorias na tecnologia subjacente que atualmente limita o sistema. Talvez envolver mais desenvolvedores ajude a tornar essa estrutura de desenvolvimento de interface mais limpa e estável, embora isso não signifique necessariamente que as falhas do Windows 11 (código proprietário) serão corrigidas.
No entanto, a comunidade de desenvolvedores está cética, apontando em fóruns especializados que o WinUI apresenta problemas de desempenho. Enquanto a Microsoft não conseguir tornar este novo componente tão robusto quanto o clássico e compatível com a vasta gama de hardware que o utiliza, o Windows 11 continuará a pagar o preço da modernidade com instabilidades ocasionais.
Imagem da capa | composição por Pepu Ricca e Javier Penalva para Xataka
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