OpenAI, do ChatGPT, recebe investimento bilionário da Disney e personagens da empresa serão liberados para uso em criações do Sora

Gigante do entretenimento mergulha de vez na IA generativa para transformar a relação entre fãs, tecnologia e storytelling

Crédito de imagem: Disney e OpenAI
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João Paes

Redator
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João Paes

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Escreve sobre tecnologia, games e cultura pop há mais de 10 anos, tendo se interessado por tudo isso desde que abriu o primeiro computador (há muito mais de 10 anos). 

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A Disney acaba de dar um passo que pode redefinir o futuro da propriedade intelectual e reforçar a presença de personagens da empresa em um mundo onde a imaginação agora também roda em GPUs. A companhia firmou um acordo histórico com a OpenAI, tornando-se o primeiro grande estúdio do planeta a licenciar oficialmente seu catálogo de personagens para o Sora, a plataforma de vídeos gerados por IA da criadora do ChatGPT. Não é pouca coisa: estamos falando de mais de 200 personagens, cenários, veículos e elementos visuais de universos como Marvel, Pixar, Star Wars e Disney Animation liberados para uso em vídeos curtos criados por fãs.

E para selar a parceria, a Disney ainda abriu a carteira: serão US$ 1 bilhão investidos na OpenAI, junto com direitos para adquirir mais participação no futuro. O acordo tem validade inicial de três anos e coloca lado a lado duas potências — uma do entretenimento, outra da tecnologia — com o objetivo declarado de estabelecer padrões responsáveis para o uso de IA em produtos culturais.

Com isso, o Sora poderá gerar vídeos a partir de prompts simples, permitindo que usuários criem cenas com personagens clássicos como Mickey, Simba, Stitch, Ariel, Moana, Baymax, além dos pesos-pesados Marvel e Star Wars — de Homem de Ferro e Loki a Darth Vader, Luke e o Mandaloriano. A OpenAI reforça que nenhuma aparência real de atores ou vozes faz parte do acordo, algo que se tornou um ponto crítico em Hollywood desde 2023.

Além do Sora, o ChatGPT Images também poderá gerar ilustrações completas utilizando a mesma propriedade intelectual. E do outro lado da equação, a Disney utilizará as APIs da OpenAI para desenvolver ferramentas internas, experiências para o Disney+ e novos produtos baseados em IA — o que inclui levar vídeos gerados no Sora diretamente para a plataforma de streaming, em coleções selecionadas.

Segundo Bob Iger, CEO da Disney, a parceria marca “um momento importante para a indústria”, permitindo expandir o alcance das histórias da empresa de forma responsável, sempre com respeito aos criadores. Já Sam Altman afirma que a Disney é “o padrão-ouro global em storytelling” e que o acordo mostra como a IA pode conviver com a criatividade humana sem substituí-la.

Hollywood está de olho

Pouco tempo após o anúncio, diferentes grupos de Hollywood se manifestaram. Os principais comunicados foram do SAG-AFTRA e o WGA, maiores sindicatos de atores e roteiristas dos Estados Unidos, respectivamente.

O SAG-AFTRA avisou que “monitorará de perto o acordo e sua implementação para garantir a conformidade com nossos contratos e com as leis aplicáveis que protegem a imagem, a voz e a aparência”.

O sindicato ainda alerta que há diversas lacunas para o uso saudável de IA em produções e que espera que tudo seja regulamentado com estúdios, big techs e talentos.

“Os membros da SAG-AFTRA são os rostos e vozes que entretêm e informam o mundo”, continuou o comunicado. “O talento e performances deles deram vida a um século de criatividade e arte humanas inspiradoras. Todas as ferramentas devem sempre ser empregadas com total transparência e o consentimento informado dos artistas”, finalizou.

Já o sindicato dos roteiristas foi bem mais duro e direto, dizendo que “o acordo da Disney com a OpenAl parece sancionar seu roubo de nosso trabalho e cede o valor do que criamos para uma empresa de tecnologia que construiu seus negócios nas nossas costas. Vamos nos encontrar com a Disney para investigar os termos deste acordo, incluindo até que ponto os vídeos gerados pelos usuários utilizam o trabalho dos membros do WGA. Continuaremos lutando para proteger os interesses criativos e econômicos de nossos membros no contexto da tecnologia de IA”.


Crédito de imagem: Disney e OpenAI


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