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A nova Cortina de Ferro é digital: a Rússia simula com sucesso uma desconexão da rede global da Internet em diversas regiões

  • Roskomnadzor confirmou teste após problemas de conectividade em uma região russa

  • Usuários atingidos não conseguiram acessar serviços como WhatsApp e YouTube

Rússia faz testes com desconexão da rede global | Casa Branca (Flickr), Freepik
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PH Mota

Redator

Jornalista há 15 anos, teve uma infância analógica cada vez mais conquistada pelos charmes das novas tecnologias. Do videocassete ao streaming, do Windows 3.1 aos celulares cada vez menores.

A Rússia vem se preparando para um possível cenário de desconexão da Internet há anos. O primeiro grande passo foi dado em 2019, quando foi aprovada uma lei que, sob o argumento de proteger o país de um bloqueio estrangeiro, criou as bases para o que conhecemos hoje como "Runet". A medida rapidamente levantou preocupações, com organizações como a Human Rights Watch apontando-a como uma possível ferramenta de censura.

O plano vem com uma série de desafios monumentais. Tecnicamente, a internet é uma rede global com infraestruturas e componentes essenciais distribuídos. Um dos elementos mais sensíveis é o Sistema de Nomes de Domínio (DNS), que atualmente é supervisionado por uma dúzia de organizações cujos servidores raiz estão localizados fora da nação governada por Vladimir Putin.

Último teste de desconexão da internet na Rússia

De acordo com a Reuters, a lei de "internet soberana" da Rússia exige que simulações de desconexão sejam realizadas todos os anos para preparar o país para uma possível desconexão da rede global. Esses testes, no entanto, foram suspensos em 2020 devido à pandemia de COVID-19. Longe de serem coisa do passado, as simulações retomaram seu curso, e agora temos informações sobre a realizada recentemente.

No início de dezembro de 2024, moradores do Daguestão, uma das vinte e quatro repúblicas da Federação Russa, encontraram problemas para acessar redes sociais e serviços estrangeiros como WhatsApp, YouTube e Google. Provedores de serviços de Internet (ISPs) indicaram que as restrições eram devido a uma série de medidas temporárias em vigor. Mais tarde, as autoridades forneceram detalhes sobre isso.

Roskomnadzor, regulador da Internet da Rússia, disse à agência de notícias Interfax que as interrupções ocorreram devido a exercícios que visavam verificar a segurança e a estabilidade do Runet no caso de uma desconexão da rede global. Durante os testes, foi avaliada a infraestrutura de substituição, bem como foram identificados sistemas que dependem de recursos localizados em redes estrangeiras.

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O jornal Chernovik, por sua vez, explicou que os problemas de conexão não se concentraram apenas no Daguestão, mas também atingiram outras áreas do país, como Chechênia e Inguchétia. A desconexão temporária nessas regiões da Rússia também teria afetado serviços como o aplicativo de mensagens Telegram e as páginas do "Google russo" Yandex. A conectividade foi restaurada após várias horas de testes.

A lei soberana da internet da Rússia estabelece que as operadoras de telecomunicações são obrigadas a instalar equipamentos controlados por autoridades estatais nos pontos de troca do país e em pontos de interconexão que cruzam a fronteira. Esse esforço visa bloquear vários recursos de rede e pode analisar o tráfego para impedir acesso a conteúdo proibido pelo governo.

Se um dia a Rússia decidir se desconectar da internet, precisará de seu próprio Sistema de Nomes de Domínio. A legislação atual, justamente, estabelece a criação de um DNS próprio e independente. O maior impacto viria para a população do país, que seria forçada a prescindir dos serviços ocidentais. Tal desconexão não poderia ser contornada por serviços de VPN também.

Imagens | Casa Branca (Flickr) | Freepik | Thomas Jensen

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