Na Ilha do Natal, vivem 1.500 pessoas e 120 milhões de caranguejos; para o Google, é o local ideal para instalar um cabo submarino

A migração de milhões de caranguejos tornou-se o principal obstáculo do Google

Caranguejos da Ilha do Natal / Imagem: Periodistán (X)
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Victor Bianchin

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Victor Bianchin é jornalista.

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A Ilha do Natal é um desses muitos territórios australianos perdidos no mar. Uma de suas principais peculiaridades é ter uma área de 135 km² — o tamanho de Vitória (ES) —, mas há algo mais: ela é habitada por 120 milhões de caranguejos. Assim, as 1.500 pessoas que vivem na ilha presenciam todos os anos o fenômeno da migração, um período em que cada canto do território fica tomado por esses crustáceos. Agora, também terão de lidar com as operações do Google.

Apesar dos rumores sobre a possibilidade de o Google querer criar um grande centro de dados de IA na ilha, o acordo que a empresa firmou com o exército australiano não está relacionado a essa hipótese, mas sim a um projeto de cabos submarinos. A empresa estadunidense revelou que a Ilha do Natal é o local perfeito para dar continuidade ao Australia Connect, uma iniciativa voltada à ampliação da infraestrutura de cabos submarinos no Indo-Pacífico.

Os planos submarinos do Google

Há um ano, o Google anunciou a criação do projeto e afirmou ter interesse em melhorar a conectividade regional da área. Assim, o eixo do projeto é o Bosun, um cabo que conectará Darwin à Ilha do Natal e, por sua vez, a Singapura. Como curiosidade, Bosun recebe seu nome do rabiforcado-de-cauda-branca, uma das aves mais características da região. Com essa expansão da iniciativa, o Google aumentará o alcance de sua rota ao conectar a Ilha do Natal com Melbourne e Perth.

Tanto a empresa quanto seus parceiros revelaram que implantarão fibra terrestre entre Darwin e Sunshine Coast, um movimento que permitirá interligar o Bosun ao Tabua (um sistema submarino que já conecta EUA, Austrália e Fiji). Surpreendentemente, o Google escolheu a Ilha do Natal para suas operações apesar da migração massiva de caranguejos-vermelhos, já que considera sua posição uma zona estratégica fundamental para as comunicações.

Devido ao crescimento da espécie, a migração anual envolve mais de 100 milhões de caranguejos atravessando estradas, rochas e praias. Na verdade, cada fêmea pode liberar até 100.000 ovos, mas poucas crias conseguem sobreviver ao retorno ao planalto. Segundo as organizações locais, a migração já começou e, por isso, espera-se um pico de atividade nos dias 15 e 16 de novembro, o que provocará o fechamento de estradas e a criação de rotas alternativas para proteger os caranguejos.

Dessa forma, a coexistência entre as obras de cabeamento e a migração está em discussão: embora sejam aplicadas medidas de precaução ambiental, a população local considera que a prioridade é garantir uma migração bem-sucedida dos caranguejos. Por isso, se o Google quiser realizar uma operação tão complexa na região, terá de agir com cuidado, já que mais de 100 milhões de caranguejos estão envolvidos em sua iniciativa submarina.

Imagem: Periodistán (X)


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