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China reuniu mais de 150 robôs humanoides em Xangai, com mensagem clara: não se trata mais de ideias, mas de indústria

  • Centenas de robôs humanoides estavam em exposição em Xangai, na maior linha já montada pela China;

  • Alguns já entendem, planejam e corrigem à medida que avançam: o objetivo é que passem da visão à ação.

Imagem | Conferência Mundial de Inteligência Artificial (WAIC)
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PH Mota

Redator
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PH Mota

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Jornalista há 15 anos, teve uma infância analógica cada vez mais conquistada pelos charmes das novas tecnologias. Do videocassete ao streaming, do Windows 3.1 aos celulares cada vez menores.

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Tudo indica que a convivência com robôs humanoides deixará de ser algo excepcional em breve. Antes de encontrarmos androides ao estilo de "O Homem Bicentenário", é provável que vejamos versões mais contidas, funcionais e carismáticas sendo integradas ao nosso cotidiano, como o robô de "Sunny", da série do Apple TV+.

Embora recorrer à ficção científica para imaginar o futuro não convença a todos, ainda é uma ferramenta útil para criar uma imagem do que pode estar por vir. "Ela", com Joaquin Phoenix e a voz de Scarlett Johansson, fez isso há mais de uma década: antecipou com uma precisão perturbadora o tipo de vínculo que agora começa a se tornar realidade com os modos de voz mais avançados do ChatGPT.

A China quer estar no centro dessa revolução. Há anos investe decisivamente em inteligência artificial e robótica, duas indústrias que avançam cada vez mais juntas. Recentemente, como declaração de intenções, expôs mais de 150 robôs em uma cúpula internacional realizada em Xangai. Uma demonstração de força, mas também uma pista do que está por vir.

De vitrine futurista a laboratório de realidades

A WAIC 2025 não foi apenas mais uma feira. Durante quatro dias, Xangai se tornou uma vitrine para o presente – e não apenas para o futuro – da robótica humanoide. Centenas de robôs desfilaram pelo evento, no que já é considerado o lineup mais ambicioso já montado na China. Mais de 80 empresas especializadas participaram da mostra, e pelo menos 60 modelos fizeram sua estreia mundial. Mas não se tratava apenas de números: o relevante era ver como essas máquinas começavam a adquirir forma, funções e significado para além do laboratório.

O novo braço robótico da Dobot, impulsionado pelo modelo de linguagem VLA da Tencent, foi um dos protagonistas do evento. Sua proposta vai além da precisão mecânica: combina visão, linguagem e ação em um mesmo sistema. O robô entende o que lhe é pedido, analisa o contexto em que se encontra e gera planos de movimento de forma autônoma. Pode rejeitar comandos absurdos, ajustar seus movimentos se detectar erros e responder de forma consistente durante uma conversa. Tudo isso permite que ele enfrente tarefas dinâmicas com uma flexibilidade inédita em robôs industriais.

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A Unitree, por sua vez, optou pela expressividade motora: da caligrafia ao boxe, incluindo um novo robô humanoide projetado como assistente pessoal. A Deep Robotics se concentrou na implementação real: seus quadrúpedes atuam em mais de 600 ambientes, de instalações elétricas a centros educacionais. A Keenon, com seu robô bípede XMAN, tem como foco o setor de serviços; e a Cyborg Robotics apresentou o primeiro humanoide de carga pesada do país, voltado para tarefas industriais exigentes.

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A robótica humanoide está passando por um momento decisivo. De acordo com Jiang Lei, uma das principais vozes no desenvolvimento da IA incorporada na China, a indústria está migrando da teoria para a prática. As novas gerações de robôs não se limitam mais a observar ou executar rotinas programadas: elas percebem o ambiente, ajustam seus movimentos em tempo real e realizam tarefas complexas com uma precisão milimétrica. Isso abre portas para aplicações reais em setores como saúde, comércio ou logística, onde a margem de erro é cada vez menor.

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Embora as conquistas sejam visíveis, os desafios permanecem. Os Estados Unidos mantêm a liderança em aspectos fundamentais do movimento humanoide, como biomecânica e autonomia locomotora. Mas muitos acreditam que a China está começando a se destacar em outras frentes: capacidade de produção em larga escala, acesso massivo a dados e velocidade de iteração. Não é apenas uma questão de algoritmos: é uma questão de sistema.

A China não quer apenas fabricar robôs: quer exportá-los, e aproveitou o evento para destacar isso. Em mercados emergentes como o Sudeste Asiático, sua oferta tecnológica encontra terreno fértil. Lá, a demanda por soluções automatizadas para eletrônicos, semicondutores ou processos industriais está crescendo, e os fabricantes chineses buscam responder com propostas sólidas, confiáveis e competitivas.

Imagens | Conferência Mundial de Inteligência Artificial (WAIC)

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