Capela Sistina da pré-história: paredão de rocha de 13 mil anos atrás prova como era a vida humana na Amazônia antiga

Mural com 75 mil pinturas na floresta amazônica colombiana mostra como povos antigos viveram durante a Era do Gelo

Desenhos rupestres com mais de 13 mil anos. Créditos: Marina Sardiña
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Laura Vieira

Redatora
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Laura Vieira

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Jornalista recém-formada, com experiência no Tribunal de Justiça, Alerj, jornal O Dia e como redatora em sites sobre pets e gastronomia. Gosta de ler, assistir filmes e séries e já passou boas horas construindo casas no The Sims.

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Escondido no meio da floresta amazônica colombiana, existe um paredão gigantesco coberto por milhares de desenhos pré-históricos que revela um pouco sobre a vida dos primeiros habitantes da região. Arqueólogos identificaram mais de 13 mil anos de história pintados sobre rochas, registros que mostram como viviam, o que caçavam e como se relacionavam com a natureza durante a Era do Gelo, período de resfriamento da Terra caracterizado pela formação de camadas de gelo que cobriam grandes porções dos continentes. Conhecido como a “Capela Sistina da pré-história”, o paredão reúne uma das maiores coleções de arte rupestre já encontradas no continente.

Mural estava escondido na floresta  por 13 mil anos

Localizado na Serranía de La Lindosa, um dos sítios arqueológicos mais importantes da Colômbia, o complexo de paredões descoberto na aldeia de Cerro Azul impressiona pelo tamanho gigantesco. São cerca de 75 mil pinturas distribuídas ao longo de quilômetros de rocha. Para chegar até elas, é preciso seguir por trilhas íngremes, calor  e vegetação densa.

Os desenhos mostram o cotidiano dos povos ancestrais. Há imagens de animais, rituais, pessoas, objetos, possíveis plantações e elementos da paisagem amazônica. Entre as figuras, pesquisadores identificam desenhos de espécies extintas, como preguiças gigantes e mastodontes, animal “parente” do mamute que desapareceram milhares de anos atrás. Esses registros reforçam a ideia de que esses grupos conviveram no período da Era do Gelo.

O trabalho de preservação é conduzido pela família Rojas, moradores que se tornaram guardiões do local. Eles controlam o acesso, mantêm a trilha e recebem visitantes há 20 anos no local. Ou seja, é um negócio de família. 

Entenda por que essas pinturas são importantes para a ciência

Para arqueólogos colombianos, a quantidade de desenhos, diversidade e idade dos registros é o que torna o local valioso. As imagens ajudam a reconstruir aspectos da vida humana no período em que a Amazônia tinha um clima e uma fauna muito diferentes dos atuais, marcada pelo frio intenso. Os desenhos também revelam interações entre caçadores e animais gigantes, ritos comunitários e até indícios de organização social

Além de revelar como esses grupos humanos caçavam, celebravam e interpretavam o mundo ao seu redor, as pinturas funcionam como um arquivo visual direto de um período pouco documentado da história sul-americana. Para a ciência, elas oferecem evidências ricas sobre migrações humanas, mudanças climáticas, adaptações culturais e a presença da fauna e flora na região. 

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