Victor Bianchin
RedatorVictor Bianchin é jornalista.
Bill Gates foi, durante décadas, uma das 10 pessoas mais ricas do mundo. No entanto, recentemente, sua fortuna caiu várias posições na lista de bilionários, segundo a Forbes.
Essa queda na estimativa de sua fortuna não se deve ao fato de o fundador da Microsoft ter errado em seus últimos investimentos, mas a um plano que ele vem executando há mais de duas décadas: doar 99% de sua fortuna por meio da fundação que criou junto com sua ex-esposa, Melinda French Gates. Essa fundação já doou 100 bilhões de dólares (R$ 580 bilhões).
Sua fortuna não será seu legado
O caso de Bill Gates é apenas um dos mais conhecidos de bilionários que tomaram a decisão de não deixar a fortuna que acumularam durante toda a vida para seus filhos. O veterano investidor Warren Buffett, Mark Zuckerberg, Mick Jagger, Lauren Powell Jobs e o cantor Sting também declararam sua intenção de não deixar seus impérios como herança para seus filhos.
Em uma recente entrevista à BBC, por ocasião do lançamento de seu último livro Source Code: My Beginnings, o milionário reconheceu que não deixaria sua fortuna como herança. Apesar de deixar apenas uma pequena porcentagem de sua fortuna, estimada atualmente em cerca de 107 bilhões de dólares (R$ 620 bilhões), o milionário garante que seus filhos não serão pobres. "Eles não serão", afirmou Gates. "Em termos absolutos, eles vão bem, mas em termos percentuais, não é uma cifra gigantesca". De fato, 1% de algo não parece muito, mas 1% de 107 bilhões é 1,07 bilhão de dólares (R$ 6,2 bilhões). Uma herança nada desprezível.
100 bilhões de dólares
Segundo contou o bilionário à BBC, a Fundação Bill e Melinda Gates estava comemorando o 25º aniversário de sua fundação atingindo um número redondo: 100 bilhões de dólares (R$ 580 bilhões) doados a projetos filantrópicos em todo o mundo. "Nós doamos mais de 100 bilhões", destaca Gates, "mas ainda tenho mais para doar".
O milionário detalhou que cerca de 60 bilhões de sua fortuna já haviam sido destinados à fundação, na qual ele trabalha em tempo integral desde que delegou a direção da Microsoft. Os 40 bilhões restantes vieram de doações periódicas de terceiros, como as de seu amigo Warren Buffett, que anualmente destina vários bilhões de dólares à fundação.
O que declara a Fundação Gates
De acordo com os últimos dados divulgados pela Fundação Gates, até o quarto trimestre de 2023, a fundação havia doado 77,6 bilhões de dólares (R$ 450 bilhões) e contava com um fundo fiduciário de 75,2 bilhões (R$ 435 bilhões).
Desses 77,6 bilhões de dólares que a Fundação Gates afirmava ter doado desde sua criação até 2023, 59,3 bilhões vieram dos cofres de Gates. A contribuição de Buffett desde que começou a colaborar com a Fundação Gates em 2006 foi de 39,3 bilhões de dólares. Com base nessas cifras, e aguardando a publicação das contas de 2024 pela Fundação, pode-se concluir que, na verdade, Bill Gates teria contribuído com apenas 700 milhões (R$ 4 bilhões) a mais para sua fundação no último ano, enquanto sua fortuna diminuiu em cerca de 16 bilhões de dólares (R$ 92,6 bilhões) nesse mesmo período.
A responsabilidade pela riqueza
O fundador da Microsoft afirma em sua entrevista ter sido muito influenciado pela filantropia que seus pais praticaram durante toda sua infância. Sua mãe frequentemente lhe dizia que "a riqueza traz a responsabilidade de doá-la".
Bill Gates, inspirado por seus pais e pela filosofia de Chuck Feeney, decidiu se associar a Warren Buffett para fundar a iniciativa The Giving Pledge, na qual várias dezenas de milionários se comprometeram a doar pelo menos 50% de sua fortuna para fins filantrópicos.
Nomes como Mark Zuckerberg, Elon Musk, MacKenzie Scott e, o mais recente a assinar seu compromisso, Sam Altman, fazem parte deste clube seleto que acredita que enriquecer deve vir acompanhado de um compromisso com a sociedade que possibilitou tal conquista.
Imagem | Flikr (DFID)
Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.
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