Fabrício Mainenti
RedatorOs jovens adolescentes de hoje não são da Geração Z, mas sim da Geração Alfa, e a maioria deles foi criada pela geração Millennial. Em poucos anos, alguns começarão a entrar em um mercado de trabalho que ainda não conseguiu se adaptar às necessidades da Geração Z para integrar suas habilidades e talentos. Há até especialistas que falam sobre a necessidade do mercado de trabalho quebrar essa tendência e antecipar como se adaptar à "Geração Alfa" com uma visão para o futuro próximo.
Ao mesmo tempo, precisamos compreendê-los. Eles são a primeira geração que, ainda crianças, enfrenta um mundo onde a inteligência artificial, os deepfakes e a desinformação misturada com notícias verdadeiras causam enorme confusão. Se isso confunde os adultos, confunde ainda mais os menores. E há professores preocupados com o fato do uso generalizado de dispositivos e IA para muitas atividades diárias estar afetando o desenvolvimento de habilidades humanas básicas.
Em um tópico do Reddit, em um canal para professores, um profissional da área quis consultar colegas sobre as habilidades práticas com as quais seus alunos têm mais dificuldade, e isso abriu uma caixa de Pandora.
Habilidades básicas que podem ser perdidas:
Enfrentar os colegas
A pessoa que fez a pergunta tinha três preocupações: como seus alunos lutam para resistir à pressão dos colegas; como lidar com conflitos ou bullying; e como tomar a decisão certa quando os amigos incentivam a escolha errada. Sobre esse tema, outro professor acredita que, por não ousarem resistir à pressão dos colegas, muitos jovens têm dificuldade em defender os colegas que sofrem bullying.
"Eles veem o bullying acontecendo bem na frente deles, mas não dizem nada para apoiar a vítima. Gostaria que alguns desses jovens defendessem melhor seus amigos".
A esse respeito, vale mencionar um estudo realizado na Holanda que mostrou que, quando os adolescentes não estão cercados por celulares, eles são mais livres e espontâneos, pois não correm o risco de serem gravados e, posteriormente, expostos em salas de bate-papo. Isso pode explicar por que os jovens não são incentivados a expressar discordâncias com seus colegas.
Falar em público
Outro professor observa que seus alunos têm muita dificuldade em falar em público. Eles percebem que seus alunos estão perdendo "a capacidade de falar fluentemente em público" e dizem estar alarmados com "o número de crianças que simplesmente travam quando solicitadas a ficar em pé na frente da turma e falar por dois minutos". Outros professores relataram que seus alunos adolescentes caíram em lágrimas ao serem solicitados a pronunciar uma letra em voz alta em um idioma estrangeiro, devido ao constrangimento que sentiram.
Simplesmente conversar cara a cara
Além da oratória, outro professor explica que observa dificuldades na comunicação dos alunos com outras pessoas quando não há um dispositivo eletrônico e um chat ou rede social envolvidos. A esse respeito, observa-se até mesmo o receio de que seus antecessores, a Geração Z, estejam perdendo uma das habilidades humanas mais inatas: a comunicação cara a cara. Muitos professores também observam que seus alunos não sabem como manter contato visual com um adulto em conversas cotidianas.
Paciência
Outros professores relatam que seus alunos abandonam tarefas ou objetivos se não obtiverem resultados imediatos.
"Tenho alunos que, assim que a prova termina, me perguntam imediatamente qual foi a nota. Ou, durante a prova, fazem perguntas e ficam perplexos quando digo que não são permitidas perguntas", explica um professor.
Outra pessoa acredita que isso acontece porque "há poucas coisas difíceis hoje em dia". Por exemplo, nas gerações mais antigas, se quiséssemos ouvir um lançamento musical, tínhamos que esperar que tocasse no rádio no horário programado, ouvindo atentamente e aguardando. Com a internet, "basta digitar o título da música e apertar o play".
Resolver problemas básicos
Outro professor observou que alguns de seus alunos não resolvem problemas básicos porque não fazem perguntas.
"Diante do menor desafio ou incerteza, eles simplesmente travam. Podem ficar 90 minutos sem conseguir escrever, em vez de pedir um lápis emprestado a um colega se tiverem esquecido o seu".
Aceitar críticas
Segundo outro professor, a Geração Alfa, com quem ele trabalha diariamente, tem dificuldade em aceitar críticas construtivas de adultos.
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