O contexto de produção de Jurassic Park é, por si só, revelador. Spielberg só aceitou dirigir A Lista de Schindler — um filme em preto e branco sobre o Holocausto que ganharia sete Oscars — com a condição de também entregar um blockbuster de verão para o estúdio. Esse compromisso daria origem a Jurassic Park, que rapidamente quebraria todos os recordes e inauguraria uma saga ainda ativa até hoje. Mas, para além das exigências comerciais, Spielberg tinha um objetivo particular: criar um filme que prolongasse a dinâmica de Tubarão, desta vez em terra firme!
Como ele já admitiu várias vezes, Spielberg reconhece que Jurassic Park foi sua maneira de fazer “uma boa continuação de Tubarão”. Nos dois casos, o diretor explora o medo visceral provocado por uma criatura implacável e impossível de deter, usando a tensão e o suspense enquanto inova tecnicamente. Se o tubarão tornava o oceano imprevisível, os dinossauros de Jurassic Park invadem um parque, combinando robôs e CGI (ainda em seus primórdios) para oferecer ao espectador uma imersão sem precedentes.
Ele disse em 1994, em entrevista à The New Yorker:
“Não tenho vergonha de dizer que, com Jurassic Park, eu estava, na verdade, apenas tentando fazer uma boa continuação de Tubarão. Em terra firme. Isso é descarado — posso admitir isso agora. Mas, hoje em dia, prefiro fazer as escolhas mais difíceis. A Lista de Schindler me desafiou tanto, me preencheu e me perturbou tão profundamente.” - Steven Spielberg
Tensão palpável
O paralelo com Tubarão não se limita às criaturas: diz respeito também ao impacto cultural e narrativo. O filme de 1975 transformou Spielberg em um diretor lendário, ao mesmo tempo em que estabeleceu as bases do blockbuster moderno. Quase vinte anos depois, Jurassic Park retomou essa energia e esse domínio da tensão, aplicados a um novo universo, e criou outro marco na carreira do cineasta.
Podemos até nos perguntar como teria sido diferente a história do cinema se Spielberg nunca tivesse dirigido Tubarão, pois a experiência adquirida com o monstro marinho parece ter alimentado diretamente sua visão dos dinossauros. Jurassic Park, portanto, não é apenas um sucesso isolado: é a continuação secreta do filme que fez de Spielberg um mestre do medo — mas agora capaz de brincar com monstros gigantescos e cativar o público em um terreno completamente novo.
Este texto foi traduzido/adaptado do site JV Tech.
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