Se você quiser ser realmente feliz e produtivo, a ciência é clara: pare de dizer que está bem quando não está nada bem

A cultura da “happycracia” no trabalho impede que a gente tenha relações melhores e mostra que falta inteligência emocional no ambiente profissional

Como ser mais produtivo estando cansado. Imagem: The Office
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Sofia Bedeschi

Redatora
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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência, gamer desde os 6 e criadora de comunidades desde os tempos do fã-clube da Beyoncé. Hoje, lidero uma rede gigante de mulheres apaixonadas por e-Sports. Amo escrever, pesquisar, criar narrativas que fazem sentido e perguntar “por quê?” até achar uma resposta boa (ou abrir mais perguntas ainda).

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Você chega no escritório, no bar, na loja ou onde quer que trabalhe e alguém te pergunta com um sorriso “Como você tá?”. Aí você se pega respondendo com um sorriso meio forçado, que só destaca suas olheiras e aquela cara de cansada, mandando um “bem” rápido pra encerrar a conversa quase na hora. A tal da “happycracia” domina geral. Se você tivesse dito a real, teria saído um “péssimo, obrigada”.

Quando a gente tá passando por um momento difícil, o que realmente precisa é de apoio. Mas temos uma tendência quase automática, tipo uma “senha social”, que faz a conversa ficar na superfície. É aquela resposta padrão quando alguém do trabalho pergunta “como você tá?” e a gente não tem muita intimidade, ou não quer — ou não sabe — explicar o que realmente sente.

Só que isso pode acabar fazendo a gente se sentir invisível ou desconectado, principalmente quando usamos essa resposta com pessoas que realmente se importam com a gente.

Pra evitar essa desconexão, Stephanie Harrison, especialista em felicidade, sugere algumas respostas pra quando alguém pergunta “como você tá?” e fica claro que você não está bem.

O que dizer quando te perguntam “como você tá?” e você não está nada bem

“Obrigada por perguntar. Agora mesmo, eu me sinto...”
Essa resposta ajuda a praticar a introspecção e identificar o que você realmente sente.

“Um pouco estressada.”
Simples, honesto e pode abrir espaço pra uma conversa mais profunda. Também dá pra perceber como a pessoa reage, e se ela estiver aberta, você pode se abrir mais. Vai que até te ofereçam ajuda ou uns conselhos úteis.

“Posso ser sincera? Estou passando por um momento difícil.”
Aqui você já quebra o esquema social padrão da pergunta. A outra pessoa sabe que não vai ouvir um “bem” e pode se preparar pra acolher suas emoções, o que aumenta as chances de uma resposta compreensiva.

“A verdade é que tenho muita coisa na cabeça. Gostaria de ter uma conversa séria, onde a gente compartilha como realmente estamos. Topa?”

Essa frase não pressupõe que a outra pessoa queira se aprofundar, mas abre a porta pra isso acontecer e fortalece o vínculo entre vocês.

O efeito que fingir estar bem pode ter na nossa produtividade

Várias pesquisas mostram que agir na superfície, tipo responder “bem” quando não estamos, não só faz mal pra saúde mental como também atrapalha o desempenho no trabalho. Quando a gente carrega uma carga emocional escondida, acaba perdendo o foco. Manter essa fachada de normalidade cansa a mente, dificulta concentração, tomada de decisões e resolução de problemas — e ainda aumenta o risco de burnout.

A tal “cultura do silêncio” pode levar a um baixo rendimento. Segundo um relatório da McKinsey & Company, só 26% dos trabalhadores acreditam que seus líderes criam um ambiente onde é possível falar abertamente e expressar de verdade o que sentem. Quando não temos um espaço seguro pra conversar no trabalho, a saúde mental sofre — e isso pesa pesado no desempenho.

A inteligência emocional tem um papel importante para evitar o burnout. Quando a gente consegue lidar com nossas emoções — por exemplo, falando sobre elas — o risco de esgotamento diminui.

E, já que estamos falando de melhorar o clima no trabalho, bora evitar aquela pergunta batida “Como você tá?”, porque, como diz o especialista em liderança Gary Burnison: “Quem pergunta não quer saber de verdade, e quem responde não fala a verdade. O que vem depois é uma oportunidade perdida e uma troca sem sentido, sem conexão.”

Vamos trocar essa pergunta por algo que realmente permita a gente se conectar de verdade.

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