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"Que viva o Brasil": Nicolás Maduro começa a falar portunhol para pedir apoio brasileiro

Em meio à tensão crescente com os EUA, presidente venezuelano faz apelo incomum e adota tom emocionado para conquistar simpatia no país vizinho

Crédito de imagem: Venezuela
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João Paes

Redator
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João Paes

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Escreve sobre tecnologia, games e cultura pop há mais de 10 anos, tendo se interessado por tudo isso desde que abriu o primeiro computador (há muito mais de 10 anos). 

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A diplomacia latino-americana já teve seus momentos curiosos, mas poucos tão cinematográficos quanto o exibido nesta quinta-feira (4). Durante um programa de TV na Venezuela, Nicolás Maduro decidiu mirar diretamente no público brasileiro e fez isso em um portunhol improvisado, carregado de emoção, cálculo político e um bom tanto de estranheza.

“Viva a unidade do povo do Brasil, viva a unidade com o povo venezuelano”, declarou o presidente, segurando um boné do MST, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Em seguida, lançou seu apelo mais direto: “Povo do Brasil, às ruas para apoiar a Venezuela em sua luta pela paz e pela soberania. Que viva o Brasil!”

O gesto, por si só, já seria notícia. Mas o contexto é o que realmente amplifica o episódio. Confira o vídeo: 

Desde setembro, Maduro vive sob o que fontes descrevem como uma atmosfera de tensão quase permanente. Os Estados Unidos intensificaram a presença militar na região e vêm conduzindo operações no Caribe e no Pacífico sob o pretexto de combater o tráfico internacional. O ataque mais recente, perto da Colômbia, reacendeu temores de escalada.

A Casa Branca, durante o governo Trump, classificou Maduro como líder do suposto “Cartel de los Soles” — alegação que ele nega categoricamente. O resultado disso é um presidente que, segundo reportagens do New York Times, adotou um regime de segurança que lembra mais um thriller político do que a rotina de um chefe de Estado.

Fontes próximas ao governo, sob anonimato, relatam um Maduro em constante deslocamento, trocando celulares com frequência, mudando o local onde dorme e limitando sua participação em transmissões ao vivo. As exibições ao público agora são mais espontâneas, controladas e raras.

Para evitar traições internas, o presidente teria ampliado significativamente o papel de agentes cubanos na contraespionagem e reforçado a presença de guarda-costas enviados por Havana. A lógica é simples: confiança total apenas nos aliados históricos.

É nesse cenário que o portunhol de Maduro ganha outra camada. O apelo ao povo brasileiro não é apenas retórico; é parte de uma estratégia maior para buscar legitimidade continental enquanto a pressão externa cresce. Ao pedir que brasileiros “apoiem a Venezuela”, o líder chavista tenta conectar sua narrativa de soberania ameaçada a movimentos sociais e simpatizantes regionais.


Crédito de imagem: Venezuela

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