O Iskander sempre foi um problema, mas agora, parece estar virando o maior deles. De uns meses para cá, a Ucrânia — mesmo equipada com os famosos mísseis Patriot — tem tido cada vez mais dificuldade para interceptar o 9M723 Iskander-M, o queridinho balístico da Rússia. E o motivo? Bem… ninguém sabe ao certo. Mas o que já dá para dizer é que o míssil está ficando mais esperto, mais rápido e, ao que tudo indica, mais imprevisível.
Os números ajudam a mostrar o caos: desde 2022, quase mil Iskanders e Kinzhals foram disparados contra a Ucrânia. Só 24% foram abatidos. E embora essa porcentagem pareça ok em comparação com defesas mundo afora, o problema é a distribuição. Ou a Ucrânia derruba quase todos em um ataque, ou não derruba nenhum. Isso acaba sendo mais uma roleta russa no ar do que uma estatística militar.
E o pior: nos locais cobertos por baterias Patriot — como Kiev e Odessa — a situação degringolou. A eficácia caiu para cerca de 15% em 2024, subiu um pouco em 2025… e despencou de novo. Em alguns meses, simplesmente ninguém conseguiu acertar nada.
O que mudou no Iskander?
Existem três teorias principais e todas elas têm cara de belo upgrade.
Trajetória mais alta e queda mais rápida: o modo “mergulho do falcão”
Uma das hipóteses é que a Rússia começou a disparar o Iskander em uma trajetória mais alta e mais inclinada. Isso dá ao míssil mais velocidade na descida (com a força da gravidade), o que reduz o tempo de reação dos interceptores e ainda aumenta a força das manobras terminais — justamente quando o Patriot precisa de precisão absoluta. Mais velocidade = manobras mais agressivas. Para o Patriot, é como tentar acertar um mosquito.
Decoys 2.0: iscas digitais mais espertas
Outra possibilidade é que a Rússia atualizou os decoys, aquelas iscas que imitam o míssil para confundir radares. O Iskander já levava meia dúzia delas, mas especialistas acham que agora elas podem ter ficado mais inteligentes — não fisicamente, mas digitalmente. Softwares que criam sinais específicos para enganar radares de banda milimétrica, como o do PAC-3, tornariam a vida dos Patriots muito mais difícil. Se isso for verdade, os Patriots estariam mirando no espantalho enquanto o míssil real passa direto.
Salvos coordenados: tudo ao mesmo tempo agora
A teoria mais óbvia seria a velha saturação: mandar vários mísseis ao mesmo tempo, de vários lados, junto com drones. Isso acontece, claro, mas os dados mostram que não é o principal motivo. Em muitos casos, os Iskanders que passaram não estavam dentro de comboios massivos. Curiosamente, quando a Rússia manda vários Iskanders juntos, a Ucrânia até se sai melhor — talvez porque fica mais fácil distinguir o que é prioridade.
Em resumo…
O que está acontecendo ainda não é consenso, mas duas coisas são claras:
- O Iskander está mais difícil de derrubar.
- A defesa antimíssil não é uma ciência exata — é um jogo de tentativa, erro e upgrades constantes.
Se existe um lado “positivo” para a Ucrânia, é esse: mesmo quando as taxas de interceptação parecem péssimas, a simples possibilidade de derrubar um míssil já força a Rússia a alocar mais recursos, planejar melhor e arriscar menos. E num conflito onde alvos estratégicos precisam ser destruídos imediatamente, essa incerteza vira um problemão para Moscou.
Crédito de imagem: Russian Defense Ministry / Handout/Anadolu via Getty Images
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