A Geração Z superou a obsessão dos millennials pela extrema magreza, mas agora tem seu próprio problema: medo de envelhecer

79% dos jovens já usam produtos antienvelhecimento, apesar de não precisarem deles. Os algoritmos e a indústria cosmética estão se aproveitando disso

GenZ tem medo de envelhecer / Imagem: Signatur em Midjourney
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Victor Bianchin

Redator
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Victor Bianchin é jornalista.

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Se há algo que podemos agradecer à Geração Z é ter dado uma reviravolta no discurso do body positive para fazer com que criticar o peso alheio se tornasse um tabu. A obsessão por tamanhos pequenos, que durante os anos 2000 virou um grave problema de saúde em todo o mundo graças ao impulso dos millennials, desapareceu quase por completo do nosso dia a dia. Lamentavelmente, os jovens da Gen Z preencheram esse vazio com outro novo.

Obcecados pela gerontofobia, o medo de envelhecer, a Geração Z impulsionou uma obsessão pelo cuidado da pele que, ainda mais reforçada pelos filtros das redes sociais, acabou desaguando no que especialistas passaram a chamar de cosmitorexia. Diferentemente dos transtornos de comportamento alimentar do passado, a mudança levou esses jovens a comprar e consumir produtos cosméticos de forma compulsiva.

A gerontofobia da Geração Z

Não ajuda que os algoritmos das redes sociais tenham visto uma verdadeira mina de ouro nas rotinas de beleza com dezenas de potinhos coloridos cheios de cremes e séruns. Tampouco ajuda que, sob esse mesmo discurso, a indústria cosmética esteja impulsionando o termo “prejuvenation” para vender a ideia de que precisamos cuidar de rugas e imperfeições muito antes de elas aparecerem.

No pior dos casos, o fenômeno deu origem ao que ficou conhecido como Sephora Kids, uma legião de jovens e pré-adolescentes que consomem cosméticos antienvelhecimento de um jeito claramente insalubre. Estudos como o da Yale Medicine alertam que o uso de certos ingredientes, como retinol ou vitamina C, em peles ainda em desenvolvimento, longe de evitar que pareçam envelhecidas no futuro, na verdade acelera o processo.

São mencionados produtos de renovação celular que, embora possam ajudar adultos a fazer a pele parecer menos envelhecida, em pessoas jovens e nessas altas concentrações, podem provocar queimaduras, dermatites e eczemas crônicos, dada a facilidade com que suas peles mais finas absorvem o produto.

O fato de 79% dos jovens entre 7 e 17 anos terem recorrido a esse tipo de produto depois de vê-lo nas mãos do influenciador da moda só evidencia que transformar a pureza da pele em status social está a quilômetros de ser um comportamento saudável nessas idades. Ainda mais quando as impurezas, rugas e pelos vão continuar ali.

Imagem | Signatur em Midjourney

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.


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