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Se você já se perguntou por que as luzes de seta nos EUA são vermelhas como as luzes de freio, a resposta é simples: para que montadoras economizem dinheiro

Imagem | Unsplash
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PH Mota

Redator

Jornalista há 15 anos, teve uma infância analógica cada vez mais conquistada pelos charmes das novas tecnologias. Do videocassete ao streaming, do Windows 3.1 aos celulares cada vez menores.

Em muitos carros americanos, especialmente em versões clássicas ou específicas para o mercado, há um detalhe marcante: as setas traseiras são vermelhas, assim como as luzes de freio. Aos olhos de brasileiros ou europeus, por exemplo, isso pode ser confuso e até perigoso. E não é uma impressão infundada: há estudos que comprovam isso.

Mas por que elas são vermelhas e não âmbar? A explicação é muito mais simples do que parece: não se trata de design nem de inovação tecnológica, mas sim de economia de custos de produção e do que as regulamentações americanas permitem (ou não).

Economia é fundamental: uma única lâmpada para tudo

Nos EUA, é perfeitamente legal que luzes de freio e indicadores de direção traseiros compartilhem a mesma lâmpada vermelha. Em essência, esse sistema remonta à década de 60 e permite simplificar o design das lanternas traseiras usando uma única lâmpada com dois filamentos. Um é para a luz de posição traseira (dimerizador) e outro, mais brilhante, que atua como freio e indicador, alternando conforme a função necessária.

Esse design reduz os custos de fabricação, instalação e manutenção, pois não requer um conversor ou fiação adicional para separar o controle da seta do controle do freio. E para fabricantes que produzem em grandes volumes, tudo isso conta. Especialmente se o mercado (ou os regulamentos de homologação, neste caso) não exigir algo diferente.

A legislação americana permite isso há décadas e não foi alterada, dando aos fabricantes a liberdade de usar luz vermelha ou âmbar nos indicadores de direção traseiros. De fato, em muitos modelos, essa cor variou de ano para ano, criando a falsa impressão de um redesenho, mesmo que a carroceria permaneça a mesma. Algo que também permite economia no desenvolvimento de novos conjuntos ópticos.

E a segurança? A ciência diz âmbar

O problema é que essa economia de design pode comprometer a segurança. De acordo com um estudo de 2008 da Administração Nacional de Segurança no Tráfego Rodoviário (NHTSA), carros com piscas traseiros vermelhos têm 22% mais chances de se envolver em colisões traseiras do que aqueles com piscas âmbar.

O motivo é simples: a cor âmbar é mais facilmente reconhecível como uma seta de direção e se diferencia melhor do vermelho, que já está associado a outras funções, como a frenagem. Em situações de tráfego intenso ou baixa visibilidade, essa diferenciação é fundamental para que o motorista de trás reaja a tempo, quando necessário.

Apesar disso, a legislação federal dos EUA não exige que as setas traseiras sejam âmbar, o que significa que as montadoras não são obrigadas a adotar essa melhoria, mesmo que estudos recomendem.

Original

Do outro lado do Atlântico, as regulamentações europeias são claras: as setas traseiras devem ser âmbar. Isso obriga os fabricantes americanos que exportam modelos para a Europa a modificar seus conjuntos de luzes ou oferecer diretamente versões diferenciadas com lanternas traseiras adaptadas às regulamentações locais.

De fato, ao importar um carro dos EUA para a Europa, uma das mudanças obrigatórias mais comuns é justamente a das lanternas traseiras, como pode ser observado em fóruns especializados em importação, como este.

A chegada dos LEDs e a (lenta) mudança de tendência

Com a implementação progressiva da tecnologia LED nas lanternas traseiras, alguns fabricantes estão optando por oferecer setas âmbar mesmo em modelos americanos, especialmente quando compartilham a mesma plataforma com carros vendidos na Europa ou na Ásia. A General Motors, por exemplo, parece ter adotado o âmbar mais do que a Ford ou a Stellantis em seus lançamentos mais recentes.

Além disso, os novos sistemas de LED permitem maior liberdade de design sem aumentar os custos de forma tão significativa quanto ocorria com as lâmpadas tradicionais. Isso pode facilitar que a seta traseira âmbar se torne o padrão também na América do Norte no futuro. Mas, enquanto não houver mudanças na regulamentação, algumas marcas continuarão apostando no mais barato.

Imagens | Motorpasión, Unsplash

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