A União Soviética (URSS) sempre teve uma quedinha por construções grandiosas que simbolizassem seu poder tecnológico e militar. Em meio à Guerra Fria, uma dessas construções acabou chamando atenção não pelo que se via, mas pelo que se ouvia: um ruído repetitivo que invadia transmissões de rádio ao redor do mundo. A origem do som estava escondida próximo a Chernobyl, na Ucrânia, onde estava construído um dos maiores radares aéreos do mundo. Conhecido como Duga, ou Pica-pau Russo, o equipamento fazia parte do sistema de defesa aérea soviético e operou por poucos anos antes de ser abandonado após o desastre nuclear de 1986.
Conheça Duga, um radar aéreo gigante localizado em Chernobyl
O Duga é um dos mais importantes e um dos maiores radares aéreos. Créditos: Wendelin_Jacober/Pixabay
O Duga é uma construção que impressiona pelo tamanho. A estrutura principal do radar possui cerca de 150 metros de altura e se estende por centenas de metros de comprimento, formando uma parede de aço gigante composta por milhares de antenas e tubos metálicos.
O radar fazia parte de um complexo militar ultrassecreto chamado Chernobyl-2, uma cidade planejada que abrigava técnicos, militares e suas famílias. O local não aparecia nos mapas oficiais e sua verdadeira função era desconhecida até mesmo pelos moradores da região.
Para que servia o radar e por que ele ganhou o apelido de “Pica-pau”
O Duga não era um radar comum. Ele foi projetado para detectar mísseis balísticos intercontinentais logo após o lançamento e fazia parte do sistema soviético de alerta antecipado contra ataques nucleares. O sistema funcionava com tecnologia de radar além do horizonte, usando ondas de rádio refletidas na ionosfera para enxergar grandes distâncias. Ao identificar alterações causadas pelo rastro de plasma dos mísseis, o Duga enviava o alerta antes que os projéteis atravessassem os continentes.
Em relação ao seu apelido Pica-Pau, o motivo é muito legítimo. Isso porque durante o funcionamento, o radar emitia pulsos constantes que interferiam em comunicações de rádio em diversos países. O som repetitivo, muito parecido com batidas rápidas, acabou rendendo o apelido de Pica-pau Russo.
Outra questão é que o complexo não operava sozinho, ele fazia parte de uma rede maior, com outras estações semelhantes em regiões da União Soviética, formando uma linha de vigilância permanente. O primeiro correspondia aos satélites que rastreiam o míssil; o segundo era composto por radares que localizavam as ondas de rádio; já o terceiro, formado por radares terrestres, deveria localizar um foguete quando estivesse perto o suficiente do território soviético. O Duga de Chernobyl era o terceiro, um dos mais importantes e também um dos maiores. Contudo, após o acidente nuclear de Chernobyl, em 26 de abril de 1986, a área foi evacuada e o radar desligado.
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