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Noruega busca incentivar jovens a trabalhar com redução seletiva de impostos

Noruega quer reduzir impostos para jovens selecionados aleatoriamente em meio a sistema social robusto

Como é morar na Noruega mudar de vida intercâmbio é caro. Imagem: Foto de Simon Williams en Unsplash
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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência, gamer desde os 6 e criadora de comunidades desde os tempos do fã-clube da Beyoncé. Hoje, lidero uma rede gigante de mulheres apaixonadas por e-Sports. Amo escrever, pesquisar, criar narrativas que fazem sentido e perguntar “por quê?” até achar uma resposta boa (ou abrir mais perguntas ainda).

O ministro das Finanças da Noruega, Jens Stoltenberg, quer avaliar se a redução de impostos pode ajudar a enfrentar os desafios atuais do país. A proposta é oferecer descontos fiscais a 100 mil jovens entre 20 e 35 anos — ou seja, a geração Z e millennials — que seriam escolhidos de forma aleatória.

Noruega, assim como vários outros países do norte, enfrenta escassez de mão de obra em diversos setores. Ao mesmo tempo, os números mostram que muitos jovens não querem entrar no mercado de trabalho atual ou simplesmente não estão participando dele.

O sistema de seguridade social da Noruega está entre os mais robustos do mundo: o país conta com um fundo soberano de 1,8 trilhão de dólares, o maior do planeta, e investe dezenas de bilhões de dólares desse fundo anualmente. Vamos analisar a situação para os jovens profissionais e qual é o plano do governo para enfrentar os desafios atuais.

Noruega e seu plano para reduzir impostos

O país pretende selecionar aleatoriamente 100 mil pessoas nascidas entre 1990 e 2005 para receber cortes fiscais anuais de até 2.700 dólares por um período de três a cinco anos. O objetivo é medir o impacto dessa medida na renda e no emprego, segundo anunciou recentemente o governo do Partido Trabalhista. Os nomes dos beneficiados serão mantidos em sigilo, conforme previsto no plano.

O plano é controverso por não atingir a todos

Cerca de 8% dos trabalhadores entre 20 e 35 anos terão redução de impostos, enquanto o restante não verá mudanças. A imprensa norueguesa destaca que isso gerou debate social sobre a desigualdade, especialmente em um país onde o pagamento de impostos e o acesso a benefícios sociais são pilares fundamentais.

Para que o plano saia do papel, o Parlamento precisa aprová-lo

Caso aprovado, as 100 mil pessoas selecionadas farão parte de um estudo acadêmico, sendo comparadas com aquelas que não receberem os cortes fiscais. O ministro das Finanças afirma que isso vai gerar dados concretos para entender se esse tipo de dedução realmente impulsiona o emprego entre os jovens.

Noruega quer reduzir o número de pessoas dependentes de benefícios sociais. Nas palavras do ministro: "O governo norueguês quer que mais gente trabalhe e menos receba assistência social". Ele explica que o objetivo da proposta é reunir dados sobre os efeitos de um crédito fiscal no trabalho, para avaliar se pode ser uma medida eficaz para aumentar a oferta de mão de obra. Caso a medida seja aprovada e funcione, o estudo poderá orientar como desenhar uma redução fiscal para jovens trabalhadores se integrarem melhor ao mercado.

Muitos jovens estão desempregados na Noruega

Segundo dados do EURES, apenas 60,3% dos jovens na faixa dos 20 anos têm emprego, o que significa que mais de um em cada três não trabalha. Isso contrasta diretamente com a necessidade de mão de obra no país. Em geral, a taxa de desemprego foi de 4,4% em abril, mas entre os jovens de 16 a 24 anos, o desemprego chega a 13,1%, considerando apenas quem está ativamente procurando trabalho.

A geração Z chega com um mindset novinho frente ao mercado de trabalho tradicional. A galera mais jovem que está entrando no mercado tem uma visão de vida que pode bater de frente com as dinâmicas antigas do mundo corporativo. Isso é um fenômeno global, e vários especialistas já estão alertando as empresas para se adaptarem rápido.

Na Noruega, o tema também está em debate: uma pesquisa da Confederação das Empresas Norueguesas (NHO) mostra que quase 70% dos empresários acham que a geração Z é mais difícil de liderar do que outras faixas etárias.

A baixa taxa de natalidade tem preocupado o governo norueguês

Como já vimos em vários países do norte, a queda no número de nascimentos tem causado escassez de mão de obra há décadas. Em 2024, pela primeira vez na história, o governo criou um comitê de natalidade. O país já oferece medidas como a redução do custo de creches e programas extracurriculares, além do aumento dos benefícios por filho, mas o governo reconhece que "podem existir outros fatores sociais importantes na decisão de ter filhos".

Chamada para imigrantes qualificados. Diante da escassez de mão de obra altamente qualificada, o governo norueguês vem buscando há alguns anos atrair mais trabalhadores qualificados de fora dos países da União Europeia.

A entrada de estrangeiros no mercado de trabalho europeu tem sido fundamental para o crescimento econômico recente. Porém, ainda há desafios para esses imigrantes, como barreiras linguísticas, leis que às vezes se mostram discriminatórias para quem busca asilo e questões de integração. Nos últimos anos, o governo tem adotado medidas para facilitar esses processos, conforme aponta a OCDE.

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