A apresentação do Nintendo Switch 2 em abril foi curiosa. No evento, revelaram vários detalhes e jogos interessantes que animaram os jogadores, mas logo depois veio o choque. Começaram a surgir os preços do console, dos jogos e dos acessórios. A ressaca financeira durou alguns dias, e o golpe final foi o ‘Nintendo Switch 2 Welcome Tour’. Essa coleção de minijogos funcionava como o “manual” do Switch 2... mas pago. Exatamente R$60,00.
Não agradou muito a comunidade, mas depois de testar, ficou claro que é muito mais do que um simples guia de usuário do Nintendo Switch 2. É um museu de ciências no qual eu teria adorado me perder quando criança.
1-2 Switch
Quando um console chega com novidades, a melhor forma de testá-las é por meio de demos. No lançamento do Switch em 2017, a Nintendo lançou um jogo que, por 19,99 euros, permitia experimentar o sensor infravermelho dos controles, a vibração HD e os sensores de movimento. Chamado ‘1-2 Switch’, era curioso, mas nada além disso, e acompanhado no lançamento pela ‘The Legend of Zelda: Breath of the Wild’, pouco destaque ganhava além do interesse dos olhos curiosos.
Bem-vindo ao Switch 2. Literalmente.
O Nintendo Switch 2 não é exatamente o ápice da inovação. É uma console mais continuísta, exatamente o que a Nintendo precisava após o enorme sucesso do modelo anterior. Mas, sabendo que muita gente vai querer embarcar na nova Switch, eles prepararam algo parecido com o ‘1-2 Switch’: o ‘Nintendo Switch 2 Welcome Tour’.
O problema?
Desde o anúncio, essa coleção de minijogos para apresentar os detalhes técnicos do aparelho foi vista mais como um manual do que um jogo. E, pior: um manual pago. Já estou testando o Nintendo Switch 2 para a análise, o pacote está a caminho, e o que eu tinha claro era que esse jogo não me atraía nem um pouco. Ainda bem que precisei jogar para perceber o quanto estava enganado.
Um museu de ciências. Porque... sim e não
O ‘Welcome Tour’ funciona como o manual da console na medida em que nos apresenta todos os detalhes do aparelho. A gente revisita o controle, a tela, todos os botões dos Joy-Con, cada milímetro do sistema e alguns periféricos, mas faz isso como se estivéssemos explorando um museu.
Quando eu era criança, museus me entediavam, mas quando meus pais me levavam a um museu de ciências, aí a coisa mudava. Puxar alavancas, mexer numa onda gigante, ver engrenagens e mecanismos em movimento era algo que me encantava. E é exatamente isso que esse jogo oferece.
Você escolhe um avatar, faz fila para entrar numa Nintendo Switch 2 gigante e pronto, é hora de explorar. Cada parte do sistema tem um painel informativo que recompensa quando encontramos, tem minijogos que mostram como usar certos botões e modos, além de painéis sobre o hardware. Se quiser, dá até para fazer uma espécie de exame para ganhar prêmios e avançar pelo museu virtual da console — e, sério, é divertido de verdade.
Engana
A essa altura, eu já sei como funciona a vibração háptica, já entendo como o sensor óptico permite usar os Joy-Con no modo mouse (super preciso, aliás, mas não tão confortável para algumas mãos) e não vão me mostrar nenhuma novidade técnica da máquina, mas, mesmo não sendo o público-alvo desse jogo, me diverti colecionando os itens e, além dessa análise, vou continuar jogando.
Acho que, além disso, pode ser um título muito educativo para qualquer pessoa que comprar o console e quiser entender melhor a máquina e a tecnologia em geral. E o melhor: você vê a explicação e já pode testar na hora. O problema é que... bom, na real, tem dois problemas.
O jogo vem acompanhado de certa polêmica. Um dos pontos críticos é que não é possível completar 100% do conteúdo apenas com o console e os Joy-Con. Algumas demonstrações e minijogos exigem uma TV 4K, que já é relativamente comum em residências, mas também há recursos que dependem do controle Pro (vendido separadamente por cerca de R$ 450) e da câmera oficial (cerca de R$ 300).
A Nintendo informa no site do jogo que “para certas demonstrações técnicas, são necessários acessórios adicionais vendidos separadamente”, mas essa condição pode ser vista como um entrave para quem busca um acesso completo ao conteúdo por meio do ‘Welcome Tour’.
Ah, os precedentes... E a segunda polêmica está no preço
Não tanto pelo valor de cerca de 60 reais, mas porque isso pode representar uma barreira para que muitas pessoas tenham acesso a este título. No lançamento do PlayStation 5, a Sony incluiu uma demo gratuita, ‘Astro’s Playroom’. Não apenas uma homenagem à história da PlayStation, mas também um jogo de plataforma divertido, que agradou tanto que seus desenvolvedores receberam sinal verde para criar o jogo completo ‘Astro Bot’, vencedor do prêmio de ‘Melhor Jogo’ no The Game Awards de 2024.
‘Nintendo Switch 2: Welcome Tour’ poderia ter sido não só um presente para os compradores da nova console, oferecendo algo para jogar logo ao ligá-la, mas também uma oportunidade para que mais pessoas conhecessem este título curioso e bem elaborado, fruto do trabalho de alguns desenvolvedores.
Fica evidente o carinho dedicado a este “manual de pagamento”, mas justamente o fato de ser pago e ter uma forte cara de manual pode se tornar uma barreira para muitos usuários. E não é só uma questão de comparação com ‘Astro’s Playroom’: o Wii, por exemplo, trouxe ‘Wii Sports’ já incluído no console, que se tornou um dos pilares fundamentais para o sucesso da plataforma.
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